Dieta “low carb” é diferente de “no carb”. A low carb é uma estratégia nutricional onde o consumo total de carboidratos varia entre 25 e 35% (ainda sem consenso) das necessidades diárias deste macronutriente. Na população geral a recomendação está entre 45 a 60% de carboidratos, sendo ideal optar pelos carboidratos complexos (ricos em fibras). Ou seja, a proposta da low carb é reduzir a ingestão de carboidratos e não excluir completamente nossa principal fonte de energia, o que aumentaria o risco de cetoacidose.
Mas no que implicaria essa redução drástica no consumo de carboidratos? Diretamente no aumento do consumo de proteínas e gorduras e é aí que mora o perigo!
Além do aumento no consumo de proteínas de origem animal, que também são fontes de gordura (saturada), tenho visto muitas receitas de comidinhas low carb, onde substitui-se a farinha, que poderia ser por exemplo uma farinha de trigo integral ou aveia em flocos, por farinhas de oleaginosas. Um exemplo frequente é a farinha de amêndoas, conforme os prints no app @fatsecret, onde em 100g têm 19,26g de carboidratos e 49,4g de gordura contra 72,57g de carboidratos e 1,8g de gordura da farinha de trigo integral.
Considerando que carboidratos e proteínas têm 4kcal/g enquanto a gordura têm 9kcal/g, se multiplicarmos a gordura por 9 e os carboidratos por 4, a receita feita com a farinha de amêndoas, será também mais calórica, mesmo com a quantidade relativamente superior de carboidratos na farinha de trigo integral.
Mas é gordura boa, não é?
A gordura das oleaginosas é a gordura monoinsaturada. Excelente no controle de colesterol ruim (LDL), mas bastante instáveis à temperatura. O que significa que esses pães, bolos e biscoitos muito possivelmente perderão os benefícios protetores da gordura monoinsaturada após seu preparo, além de aumentar radicais livres devido à facilidade de oxidação dessa gordura.
E no controle glicêmico?
Esse alimento poderá não refletir na sua glicemia imediatamente ou após 2 horas, mas vai refletir tardiamente e será necessária correção tardia ou bolus diferenciado pra quem utiliza bomba de insulina (estendido, quadrado, multionda ou duplo). A gordura têm o potencial de elevar a glicemia após 5 a 6 horas do seu consumo.
Correr atrás do prejuízo geralmente dá mais trabalho do que prever e agir, concorda?
Alguma dúvida? Deixe nos comentários!!
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Carolina de Souza Silva
Nutricionista e Educadora em Diabetes
CRN 29096
(19) 983141909
Campinas, Indaiatuba e Jundiaí