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Tecnologia para melhorar a vida do diabético

No passado, receber o diagnostico de diabetes mellitus (síndrome do metabolismo decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer seus efeitos) era assinar uma sentença de morte, já que a insulina foi descoberta em 1921. Nesses 101 anos, muitas novidades surgiram, técnicas foram aprimoradas e equipamentos e insumos apareceram, se unindo à tecnologia para proporcionar melhor qualidade de vida ao diabético.

A Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) de Jundiaí informa que são cerca de 17 mil pessoas em tratamento contra o diabetes em Jundiaí pela rede municipal de saúde. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos).

Atualmente, quem tem diabetes pode contar com diversos meios para ajudar no controle da doença, além da tradicional seringa ou caneta de aplicação de insulina e as tiras glicêmicas.

O endocrinologista Hanna Fouad Saghié comenta sobre alguns deles e seus benefícios. “Hoje em dia temos vários tipos de insulinas, mais modernas, de ação lenta, ultra lenta, rápida e ultra rápida. Um dos tipos de ultra rápida pode ser aplicada durante a refeição (a rápida e mais utilizada pelos pacientes é aplicada 15 minutos antes). Ela é melhor principalmente para as crianças, pois são mais instáveis e nem sempre comem a quantidade toda que está no prato. Dessa forma, é mais difícil ocorrer uma hipoglicemia. Já a ultra lenta, por exemplo, permite uma aplicação a cada 52 horas, o que evita aquelas inúmeras ‘picadas’ durante o dia”, explica.

Para os que não gostam das diversas furadas durante o dia, há dispositivos que podem auxiliar. “Temos o libre, que é um sensor aplicado no braço ou no abdômen e tem que ser trocado a cada 14 dias. Por meio do próprio celular é possível escanear os valores da taxa de açúcar no sangue, evitando tantas furadas no dedo e ainda traçando um mapa de valores da glicemia. Além dele, tem o dispositivo ‘I-Port’, que assim como o sensor fica no corpo e permite que as injeções sejam feitas ali, ao invés de múltiplas aplicações durante o dia. Pode ser utilizado por até 72 horas ou 75 aplicações”, explica o endocrinologista. Ambos não são baratos. O libre custa em média R$ 290 a caixa com um sensor. O I-Port custa em média R$ 559 a caixa com 10 unidades.

Já muito conhecida pelos pacientes, ainda tem a bomba de insulina. A mais recente, funciona como uma espécie de pâncreas artificial. “As bombas ficam acopladas por uma cânula nos pacientes. A mais moderna hoje controla a velocidade de infusão de acordo com o paciente. Ela consegue sentir quando há uma hipoglicemia e diminui a aplicação da insulina no organismo. É um recurso caro. Custa cerca de R$ 25 mil todo o equipamento, mas é possível conseguir via ação judicial”, explica Saghié.

Além dos recursos já existentes, ainda há um estudo sendo feito de uma insulina semanal. “Está avançado. Acredito que em dois anos já esteja sendo disponibilizada no mercado”, informa o endocrinologista.

Saghié ressalta que é impossível generalizar, pois cada organismo é diferente do outro. “Cada paciente precisa passar por uma avaliação individual para decidir o melhor tratamento. Muitos não se adaptam e é preciso analisar todo o contexto, incluindo a rotina da pessoa, idade, sensibilidade de ação da insulina, entre muitos outros fatores”, explica.

Infelizmente, a maioria dos novos tratamentos não são acessíveis para todos, pois o SUS não disponibiliza. “Apenas de 2006 a 2016 mais de 40 tivemos mais de 40 novidades relacionadas a diabetes e, infelizmente, o governo disponibiliza os mesmos insumos desde 1960”, revela.

MENOS ‘FURADINHAS’

A auxiliar de escritório Isabel Cristina Lopes da Silva Souza, 39 anos tem um filho diabético. Davi da Silva Souza, de 9 anos recebeu o diagnóstico em agosto do ano passado e desde então sofreu muito com as ‘furadinhas’ no dedo. “Os dedos dele já não tinham mais lugar para furar, ficavam roxos e o sangue até demorava para sair”, relata.

Foi então que a família, pensando em melhorar a qualidade de vida do filho, decidiu usar o sensor libre a partir do começo deste ano. “Dessa forma ele não precisa furar os dedos toda hora. Quando as aulas voltaram presencialmente, o Davi se recusou porque não queria que ninguém visse que ele precisava furar o dedo e aplicar insulina. Ele sentia vergonha das crianças olhando estranho e perguntando o que era. Além da sensibilidade dos dedos”, conta a mãe.

O sensor auxilia muito, mas custa caro. “Pago cerca de R$ 290 em cada um, uso dois por mês, pois eles precisam ser trocados a cada 14 dias. Ou seja, são quase R$ 600 por mês só com esse item. Já tentamos conversar com conhecido na prefeitura, mas ele me adiantou que o governo não libera, pois entendem como um ‘capricho’. Porém, é algo que melhora muito a qualidade de vida do meu filho e também a autoestima, pois agora ele não tem mais vergonha das outras crianças”, afirma.

REDE PÚBLICA

De acordo com a UGPS, as portas de entrada para o atendimento e encaminhamento do paciente com diabetes são as Unidades de Saúde da Atenção Primária.

Além das consultas na Unidade Básica de Saúde (UBS) e no Núcleo Integrado de Saúde (NIS), são ofertados os tratamentos disponíveis a partir de medicamentos como antidiabéticos orais, insulinas NPH e R em caneta e frasco, insumos para automonitorização glicêmica, além de exames de rastreamento das complicações como fundo de olho, monitoramento de função renal e avaliação do pé.

A UGPS também oferta aos pacientes grupos educativos onde eles trocam experiências, esclarecem dúvidas e se motivam, e atividades com intuito de melhorar o controle da glicemia e retardar as complicações.

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